Uma reflexão pertinente: o tempo e a vontade de ser algo

O artigo presente, tem como intuito dinamizar os pensamentos do leitor sobre a reflexão que irá ser produzida, brevemente, sobre o que representa o passar do tempo, a evolução do caminho onde nos encontrávamos, momentos antes, e o local em que nos encontramos agora mesmo, nem um segundo antes, nem um depois, simplesmente o agora.
Será importante designar que o tempo, como variável em toda a sua plenitude, é das poucas grandes coisas que não podemos comprar, mas que fazem uma falta tremenda às nossas simples e ligeiras vidas, intrínsecas ao Ser Humano e à sua própria existência. Mesmo assim, o tempo como instrumento incerto, determinante, é implacável e auxilia os melhores e piores momentos que alguma vez, todos nós sentimos, vivemos ou presenciamos.
Factualmente, a evolução deste conceito pode questionar se realmente não poderíamos simplesmente reagir de certa forma contra esta variável, "voltar atrás" como muito de nós dizemos, estar presente num determinado espaço temporal de algo que anteriormente aconteceu, o casamento dos nossos filhos, de nós próprios com o nosso parceiro ou parceira. Embora tudo o referido seja verdade, importa dizer que de forma natural, os humanos tendem a privilegiar os momentos traumáticos, horrendos e extremamente impactantes nas nossas vidas como a morte, catástrofes da esfera privada de cada um, no entanto estas mesmas fontes de negatividade, servem perfeitamente, depois de transformadas, como elemento de mudança, força, foco, numa tentativa de perseverança face ao sucedido.
As pessoas tendem a canalizar os desgostos para hobbys, como correr, dançar, ou até mesmo realizar qualquer tipo de atividade, no entanto surgem diversas outras questões, e os que aprendem a conviver com a dor? Os que lidam com tudo o que a "Vida" traz consigo de mau e simplesmente encaram a mesma com convicção e uma alma destemida que apenas quer mais e mais, apenas nunca se contenta com o que alcança, procura constantemente desafios, projetos e formas de concluir todo o seu potencial por explorar?
Todas estas perguntas podem ter um denominador comum que se insere em cada uma delas, e se essa pessoa não consegue parar? Por muito que queira, que tente fazê-lo, e se não for possível efetuá-lo como uma pessoa "normal" iria conseguir? Todas as questões levantadas, surgem como curiosidade ao aspeto do tempo e da evolução do mesmo, aquando das nossas vidas quotidianas entrarem numa espiral de correria diária, com falta de prioridades alinhadas com aquelas que deveriam ser efetivamente as razões pelas quais lutamos, sentimos e vivemos, pela família, os filhos, os pais, uma vida estável e feliz com o nosso parceiro ou parceira. De facto chego à conclusão que a maioria dos indivíduos que se questionam sobre tais assuntos, que se debruçam por tais suposições, são aqueles mesmos que se encontram numa ambivalência paradoxal em que por um lado, pretendem alcançar o topo e por outro, tentam pacatamente, obter uma vida tranquila, sem stress em que possa aproveitar o bom que o tempo trás consigo, a velhice e todas as suas virtudes de que se dota ao longo dos anos e jornada que uma pessoa tem de cumprir para lá chegar.
Sérgio Carvalho