O Reflexo Popular das Eleições Americanas
Faltam apenas poucas semanas para a realização de um dos
eventos mais importantes da corrente década, as eleições
presidenciais dos Estados Unidos da América, nas quais se irão
defrontar Donald Trump do Partido Republicano e Kamala Harris,
representante do Partido Democrata. Realiza-se a 5 de novembro
de 2024 aquela que poderá vir a ser uma votação histórica para o
futuro da organização política, estratégica e geográfica do mundo
tendo, de forma clara, em conta os últimos acontecimentos
geopolíticos galopantes a que assistimos pelos últimos 3, 4
anos.
Sendo este um momento e uma decisão tão significativa e impactante é natural que o planeta inteiro tenha os seus olhos colocados neste acontecimento e neste evento que vem a ser preparado e dissertado no decorrer dos últimos meses. Debates, discursos, trocas de "galhardetes" e de candidatos, as eleições americanas são sempre marcadas por um conjunto de ocorrências que, de forma positiva ou negativa, as destacam dos restantes marcos políticos mundiais.
Porém, alicerçado a todos estes importantes factos, estas eleições têm vindo a marcar-se pelo mundo fora por todo um cenário inimaginável e, de certa forma, comicamente dantesco que em nada ou em muito pouco se associa à política. É desta forma que, num universo cada vez mais virtual e mediático, é possível dissertarmos alguns episódios cómicos e bizarros destes passados meses que, não definindo os resultados da eleição, têm vindo a revelar-se bem mais interessantes do que todo o envolvimento político em torno da mesma.
O episódio mais chocante que dá início a uma sequência de eventos completamente marcantes dá-se no dia 13 de julho de 2024, quando Donald Trump é alvejado durante um comício, a bala rasurou a orelha do candidato mas acabou por não ser um ferimento fatal. Ao ser rapidamente envolvido por todos os seus seguranças de forma a protegê-lo de um possível segundo disparo, o candidato Republicano levanta-se e após aconselhado a sair imediatamente do local a primeira frase que profere é "Deixem-me pegar nos meus sapatos", seguido de uma pose imponente de punho no ar quase como uma demonstração de força e sobrevivência, para uns preocupante e para outros estranhamente chocante. Este momento correu o mundo dividindo as opiniões de todos aqueles que sobre ele teriam algo a dizer e, desta forma, iniciamos uma série de eventos pouco políticos e muito mediáticos que têm vindo a simbolizar a eleição presidencial.
O ex-wrestler e conhecida cara do público Hulk Hogan discursa nos seguintes dias à tentativa de homicídio apoiando e venerando Donald Trump como um herói frente a uma plateia que o aplaude efusivamente. Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos da América e inicial candidato pelo Partido Democrata desiste da corrida ao seu segundo mandato após um debate em que, claramente, parecia não estar de corpo e mente presente. O conhecido e impopular bilionário Elon Musk declara em pleno Twitter, rede social da qual é dono, o seu apoio a Donald Trump poucos meses após dizer publicamente que o mesmo era demasiado velho para governar. Kamala Harris substitui Joe Biden de forma imediata como candidata pelo Partido Democrata, ação que é altamente apoiada por todos os adeptos do partido. E, claro, como é recorrente, Donald Trump tece duas afirmações relevantes de destaque no debate contra a candidata do Partido Democrata que correm o mundo pela sua completa distorção de ideias. Primeiramente afirmando que nos estados controlados pelo partido de Kamala Harris é possível "abortar bebés após o nascimento" e, segundamente, que "os emigrantes viriam para os Estados Unidos da América com o propósito de se alimentar dos cães, gatos e restantes animais de estimação dos americanos".
Podemos, após tudo isto e mais alguns momentos não referidos, concluir que a sexagésima eleição presidencial dos Estados Unidos da América tem vindo a representar para o cenário mundial muito mais uma preocupação e uma descrença do que propriamente uma esperança. A forma como as eleições da democracia mais importante do mundo são ridicularizadas pelos próprios candidatos através das suas ações ideológicas e políticas descredibilizam este ato eleitoral de extrema importância de uma maneira em que aos olhos de todos os que não habitam o país este acontecimento pareça um "circo medieval que viajou magicamente no tempo até aos dias de hoje" e que, de política possui muito pouco.
Gonçalo Alves