O "problema" da imigração em Portugal

Portugal, nos últimos anos passou de ser um país do qual pessoas emigravam há procura de novas e melhores oportunidades, para um país também de imigração, tendo recebido cada vez mais, um maior número de estrangeiros onde aqui procuram viver e trabalhar. Em 2020 verificou-se um acréscimo de 12% em relação ao ano anterior, tornando-se assim um país com um número total de 662,095 cidadãos estrangeiros titulares de autorizações de residência. Já em 2022, o número total de população estrangeira residente em Portugal aumentou pelo 7º ano consecutivo, trazendo este número para os 757.252 imigrantes residentes em Portugal.
Segundo estes dados, a população estrangeira residente em Portugal totaliza 7,48% da população, algo que é bastante positivo. Apesar de muitos indivíduos e alguns partidos políticos encararem os imigrantes como uma ameaça, estes acabam por ocupar trabalhos que os portugueses tendem a evitar e, contribuem mais para a Segurança Social do que dela beneficiam. Em 2020, os imigrantes em Portugal contribuíram com mais de mil milhões de euros para a Segurança Social, tendo só beneficiado de 273 milhões de euros deste valor. Em 2022, os imigrantes representaram 13% dos trabalhadores registados na Segurança Social e contribuíram com 1,5 mil milhões de euros para a mesma. Este valor corresponde a um aumento em 19% em relação a 2021.´
Não obstante ao clima político que vivemos hoje e as adversidades que enfrentamos, seja o mercado imobiliário, o preço de bens essenciais, o preço de combustível, entre outros, todos os anos o número de pessoas que escolhem imigrar para Portugal aumenta, bem como as suas contribuições para o país. Apesar dos diversos problemas que nós como país temos enfrentado nestes últimos anos, desde uma pandemia, inflação, consequências de guerras de outrem… o número continua a aumentar, sempre de forma significativa. No entanto as contribuições destes imigrantes não se refletem nas contribuições feitas pelos portugueses.
Grupos como a Sonae e a Jerónimo Martins declararam margens de lucro 30% superiores ao ano de 2021 e, no entanto, não houve qualquer aumento salarial para os trabalhadores nem redução dos preços de bens essenciais até hoje. Justificam isto devido à inflação, porém, os números não mentem. Nós como sociedade temos de saber localizar os problemas ao invés de procurar a generalização e as respostas fáceis. O problema da imigração acaba por ser um não problema, mas sim um contributo para a sociedade portuguesa.
Raymond Aron, filósofo, sociólogo, historiador e jornalista francês, tem uma frase muito popular, no qual afirma: "A primeira qualidade que eu pediria a um jornalista, e aquela que menos lhe pedem, é o conhecimento. Pode parecer paradoxal lembrar uma verdade tão banal, mas ela é essencial; se se quer ser um verdadeiro jornalista é preciso saber, em primeiro lugar, de que é que se está a falar, e não se aprende a ser jornalista exercendo o jornalismo".
Aqui, faria uma pequena alteração, onde só trocaria uma palavra: "A primeira qualidade que eu pediria a um político, e aquela que menos lhe pedem, é o conhecimento. Pode parecer paradoxal lembrar uma verdade tão banal, mas ela é essencial; se se quer ser um verdadeiro político é preciso saber, em primeiro lugar, de que é que se está a falar, e não se aprende a ser político exercendo a política".
Gonçalo Brito