Guerra comercial: utopia sem sentido?

A guerra comercial que atualmente presenciamos, um pouco por todo o mundo, deriva dos comportamentos lunáticos do atual Presidente norte-americano que, não só prejudicam as relações internacionais e a sua estrutura e composição, bem como nos termos da sociedade em si, de forma a abranger o indivíduo. As últimas ocorrências, têm provocado comportamentos desviantes, intrinsecamente conectados ao conceito de anomia social e diretamente relacionados com a anarquia estabelecida nos cânones clássicos projetados numa atualidade em ruína.
Dessa forma, independentemente de opiniões diversas, teremos de concordar no facto de que os EUA já não são a força que no passado se caracterizou por assoberbar todos os restantes países do globo. Esta característica, está pelo menos em decadência, na vertente de ascensão de vários outros agentes internacionais, em mais concreto, da China e da Índia.
Não é por acaso que, depois das tarifas impostas pelo Estado americano, a China, que detinha a maior reserva monetária de dívida pública dos EUA, vendeu na passada quarta feira, cerca de 50 triliões de dólares correspondentes a esta matéria. Tal não só implica uma desestabilização generalizada na sociedade americana e nos seus cidadãos, como afirma uma posição firme deste país face ao EUA, em que a China não aparenta deter qualquer receio numa possível guerra com os seus homólogos ocidentais.
Nesse seguimento, importa-se consagrar que os Estados Unidos da América, mediante o ocorrido com a China, aplicaram tarifas, nos de cerca de 104%, sobre os produtos chineses e, volte face, a China respondeu com cerca de 84% nessa matéria. Refira-se que tal teve repercussões consideráveis, ao ponto de o mesmo acontecer com a União Europeia, no entanto, após consideração por parte dos responsáveis americanos, existiu uma mudança de paradigma. Quer isto dizer que, as taxas impostas pelos EUA, neste momento, encontram-se suspensas, bilateralmente falando, entre a União em causa e o agente norte americano.
Por fim, é importante elencar que a guerra comercial que decorre no momento, não parece ter fim, no entanto, a mesma dota-se de um carácter fictício e que extrapola argumentos sem fundamento, que apenas tentam, de forma irreal, enaltecer o espírito do "Make America Great Again", que sensivelmente, só trará complicações bastante complexas e fundamentais, negativamente, para a América do Norte. Assim, o mundo no momento, está a responder às medidas austeras deste país e, de certa forma, a montar um isolamento ambivalente, entre a própria vontade americana, como um protecionismo inteligente que os restantes países estão a aplicar nas suas políticas externas e formas de ação, perante o sucedido.
Será que não seria importante a existência de cabimento suficiente, para se chegar à conclusão de que um líder instável, que afirma algo e logo após contraria, não prejudica o mundo e os seus intervenientes? Ou apenas iremos seguir o caminho que nos foi condenado, por pensarmos que a força dos cidadãos, não é suficientemente forte para provocar o derrubamento de um ditador numa democracia moderna, disfarçada?
Sérgio Carvalho