Escândalo policial: ausência de princípios

No passado dia 3 do mês presente, o país assistiu a uma série de eventos não condizentes com a moral do próprio país, pondo em causa valores importantíssimos como a segurança, a responsabilidade e o compromisso.

O acontecimento ocorrido no passado sábado, representa o início da queda do movimento das forças policiais pelos seus direitos, de que é exemplo a manifestação em que cerca de dez mil polícias, dos ramos da PSP e GNR, se concentraram na cidade do Porto durante a semana anterior à atual. Ou seja, por muito que os cidadãos compreendam as circunstâncias que estas forças vivem e das quais são abrangidas, será de difícil compreensão a falta de valores inerentes aos indivíduos que deveriam assegurar tanto a coexistência pacífica entre cidadãos, bem como a sua segurança.

A questão relativa ao adiamento do jogo, na minha opinião é válida, o que não será compreensível são as razões dadas pelas forças policiais para o seu não comparecimento no evento, o que causou um escalar de situações conflituosas em que várias pessoas foram alvo, quer de violência mútua entre adeptos sportinguistas e dos mesmos da equipa da casa, quer da força de intervenção provinda da cidade do Porto, que exerceu de fato uma excessiva carga policial, violando uma vez mais a matriz fundamental destas forças interventivas.

Não obstante, os casos não se ficaram por aí. Na hora do respetivo encontro das duas equipas, todos os policiais apresentaram baixa, decisão que atingiu, de igual forma, a esquadra da força policial de Famalicão, Braga, Guimarães e Barcelos, deixando que a resposta fosse dada pelos meios de duas carrinhas policiais da cidade do Porto. Foi dessa forma como que para "remediar", que esses indivíduos atuaram, já para não abordar a questão relativa ao excesso de força utilizada pelos mesmos, caso comum para quem vê todas as semanas eventos deste género. De referir que o comportamento adotado já foi alvo de um inquérito disciplinar por parte da liga portuguesa, e ao mesmo tempo, objeto de investigação por parte do Ministério da Administração Interna português.

Assim, valores fundamentais como a preservação da segurança, num acontecimento a envolver um jogo de risco com milhares de famílias, crianças, mulheres, entre outros, que escalou para agressões entre vários adeptos, originando seis pessoas feridas, das quais uma em estado grave, demonstra a incapacidade total de gestão do "timing" para que os interesses próprios destas forças sejam ouvidos. Diria mesmo que atos deste tipo, pondo em causa uma quantidade consideravelmente perigosa de princípios e valores, são completamente repudiados e deveriam ser severamente punidos pois incorrem em contradições graves com a pátria portuguesa e tudo o que a mesma representa.

Sérgio Carvalho