"CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA, UM PERIGO PARA AS DEMOCRACIAS NA ERA DA INFORMAÇÃO" - TEXTO DE OPINIÃO

A Era da Informação, também chamada de 4ª Revolução Industrial, trouxe consigo mudanças em todos os aspectos da sociedade, desde o modo como nos comunicamos até a forma como consumimos produtos e serviços.

Entretanto, essa nova era também apresenta desafios e perigos que muitas vezes passam despercebidos. Um desses perigos é o Capitalismo de Vigilância, uma tendência cada vez mais comum em que empresas de tecnologia utilizam dados pessoais para fins lucrativos e, em uma tendência cada vez maior, tem se associado a um Estado de Vigilância, onde o Estado utiliza estas informações para controle de seu povo em estados supostamente democráticos.

O aumento da utilização da Inteligência Artificial e do Machine Learning dentro das Instituições do Estado Democrático pode ser extremamente perigoso. Como disse a professora Shoshana Zuboff, "nós estamos todos em um experimento de extração de dados sem consentimento". Isso significa que as grandes empresas de tecnologia, como Facebook, Google e Amazon, estão coletando informações pessoais de usuários em todo o mundo, sem que as pessoas saibam disso ou tenham dado seu consentimento. Essas empresas usam esses dados para criar perfis comportamentais detalhados de indivíduos, o que permite que eles criem publicidade personalizada e vendam esses dados a outras empresas. Além disso, o Capitalismo de Vigilância pode ameaçar a própria democracia.

O filósofo Byung-Chul Han alerta que a concentração de poder nas mãos dos capitalistas de tecnologia pode fazer com que as democracias sejam manipuladas em favor desses industriais do Big Data. O controle do poder econômico pelos capitalistas de tecnologia também pode gerar uma virada no Poder de Facto, tornando difícil para os cidadãos comuns controlar a sociedade e suas instituições. Em resumo, a Era da Informação está em um período cheio de oportunidades, mas também traz desafios e perigos que não podem ser ignorados. O Capitalismo de Vigilância é um desses perigos, e é fundamental que as instituições do Estado Democrático compreendam os riscos envolvidos nessa tendência e tomem medidas para regulamentar a coleta e uso de dados pessoais. Precisamos nos perguntar se queremos viver em uma sociedade onde nossas vidas são controladas por grandes empresas de tecnologia ou se queremos ter controle sobre nossas próprias informações pessoais. 

Fernando Amorim
CPEE