20 anos de Casa da Música: Uma vida dedicada às artes

23-04-2025

A Casa da Música é hoje um verdadeiro símbolo da cidade do Porto, não só pela sua arquitetura arrojada, mas também pelo seu papel central na vida cultural da cidade. São já 20 anos de existência, de partilha, de criação, de memória, e claro de muita música à mistura.

A planificação deste edifício começou em meados de 1999, após a demolição da antiga Estação Terminal dos Elétricos do Porto. Este projeto surgia com o intuito de estabelecer uma nova dinâmica urbana e social à Praça Mouzinho de Albuquerque no grande Porto. Nesse mesmo ano, foi então aberto um concurso internacional de arquitetura para a construção de um edifício dedicado à música. Zaha Hadid, Peter Zumthor, Norman Foster, Álvaro Siza Vieira, Jacques Herzog, Pierre de Meuron e Rem Koolhaas, foram alguns dos grandes nomes presentes na disputa pela direção do projeto. A avaliação e decisão final, ficou nas mãos de uma comissão composta por músicos, arquitetos e intelectuais, que acabaram por eleger o projeto de Rem Koolhaas. O projeto vencedor e que todos conhecemos, sobressia-se pela sua forma singular e por responder diretamente a todos os propósitos pretendidos: criar um marco, um ícone, um ponto de referência para a cidade.

A construção prolongou-se até 2005, ano em que a Casa da Música foi finalmente inaugurada, a 15 de abril. Segundo Alfredo Cunha, fotojornalista que documentou toda a evolução da construção, estavam diante de um edifício com um impacto urbano e cultural "brutal". Desde então, a Casa da Música realizou mais de seis mil concertos, acolheu 3,8 milhões de espectadores e participantes, encomendou mais de 300 obras musicais, desenvolveu mais de 26 mil atividades, trabalhou com mil grupos comunitários e organizou 35 mil visitas guiadas, com um total de 570 mil visitantes

Depois de toda esta introdução, na passada terça-feira, dia 15 de abril, recordamos e celebramos os nobres 20 anos de Casa da Música, a primeira instituição portuguesa exclusivamente dedicada às artes musicais. Este momento festivo, contou com uma programação especial, que incluiu uma série de "Flash Concerts" gratuitos, espalhando a música aos vários cantos da cidade do Porto.

As festividades iniciaram-se logo pela manhã com um suave concerto no átrio da bilheteira da Casa da Música, interpretado por um quarteto de cordas da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, que posteriormente se deslocou até aos utentes presentes na ala pediátrica e até aos funcionários do Hospital São João, num gesto simbólico de inclusão e solidariedade. Seguiu-se a atuação de um quarteto de metais, também da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, no Mercado do Bolhão, que conduziu a música clássica ao quotidiano do coração da cidade, e tentou animar aquela que foi uma manhã cinzenta de chuva. Durante a tarde, um quarteto do Coro da Casa da Música atuou em três momentos distintos na estação de metro da Trindade, acalmando o habitual movimento de uma das estações metropolitanas mais movimentadas da cidade. Em simultâneo, a estação de metro da Casa da Música, servia de palco para uma performance animada da recente banda portuguesa de indie-rock, COMBi. Ainda nesse mesmo dia, o projeto de música digital "Digitópia", foi apresentado na Reitoria da Universidade do Porto.

As celebrações deste dia, somente se deram por encerradas por volta das 21 horas da noite com um concerto especial na Sala Suggia, onde a Orquestra Barroca Casa da Música, sob a direção de Laurence Cummings, interpretou a obra "Stabat Mater" de Giovanni Battista Pergolesi, numa versão influenciada pelo arranjo de Johann Sebastian Bach. O programa incluiu ainda a "Sinfonia para Cordas em Si bemol maior de Carlos Seixas e o Concerto para dois oboés em Ré menor RV535" de Antonio Vivaldi.

É também importante referir que, este dia festivo foi apenas o início de uma programação comemorativa que se irá prolongar ao longo do mês de abril, com concertos de vários géneros musicais, atividades educativas, um ciclo de conferências e atuações especiais, destacam-se nomes como a Orquestra Jazz de Matosinhos com Ana Lua Caiano, a banda brasileira Francisco, el Hombre, em digressão de despedida com o álbum "Hasta el final", a soprano grega Aphrodite Patoulidou com o pianista Julius Drake, e a Orquestra Sinfónica Casa da Música, que interpretará a 4.ª Sinfonia de Beethoven sob direção de Andreas Spering.

É impossível negar que a Casa da Música se estabeleceu como um marco histórico na arquitetura portuguesa, porém esta obra está além de um simples edifício icónico. É uma casa viva, que facilita e promove o acesso à cultura, valorizou e valoriza a educação e a criação abraçando uma programação fascinantemente diversificada, entre música clássica, jazz, contemporânea e músicas do mundo. Tudo isto nos encaminha a acreditar que os próximos 20 anos continuarão a ser feitos de inovação, diversidade, cultura, e claro muita música à mistura.

João Ribeiro

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